quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Huayhuash - Dia 5, por Fábio Fliess




Dia 8 de agosto!!

Acordei e agradeci pelo meu organismo já estar tão bem aclimatado. Não tinha nenhuma dificuldade para acordar mais cedo que o esperado. As 6hs da manhã já estava desperto, e arrumando os equipamentos.

Pelo menos comigo, um sinal claro da aclimatação ocorre quando minhas idas ao banheiro funcionam como um relógio. E era o caso! Por volta das 6:15, encarei o frio e fui até a latrina. Na volta, me acabei de tanto rir, quando encontrei as roupas de banho do Gilmar e da Alessandra do lado de fora da barraca deles. Com o frio e a geada da madrugada, estavam brancos e parecendo uma pedra!!

Quando o Diogenes e Michel nos chamaram para o chá madrugador, eu já estava “listo” para começar o dia! O café da manhã como sempre, foi muito animado. Hoje seria o dia de superar o maior passo da trilha, com 5000m de altitude. Por isso, embora todos se sentissem bem, havia uma certa preocupação no ar!

Como sempre, por volta das 8hs começamos a caminhar. O fato do nosso acampamento ser mais afastado dos demais acabou se mostrando uma vantagem, pois economizamos um bom trecho de subida. A trilha mesclava trechos planos e subidas fortes, mas todo o grupo mantinha um bom ritmo. Durante uma das subidas, a Alê começou a reclamar de dores no ciático. Por precaução, sugerimos que ela fizesse esse trecho a cavalo.

Depois de uma curva acentuada, avistamos outros grupos no topo do passo. Mesmo sem perceber, isso trouxe para o grupo uma dose extra de ânimo. E por volta das 10:30hs, chegamos ao Paso Punta Cuyoc, tendo um visual incrível da Cordilheira Huayhuash. Fizemos uma parada mais longa, e tiramos muitas fotos.

Embora a vista fosse magnífica, tínhamos que voltar a caminhar. E como a máxima “tudo que sobe, tem que descer” é verdadeira, logo de cara encaramos uma descida muito forte, que exigiu bastante das pernas. Mesmo descendo rápido, era preciso pisar com cuidado, pois haviam muitas pedras soltas. Ao final dessa descida, aproveitamos para fazer nosso almoço, praticamente aos pés do Nevado Cuyoc.

O tempo começou a fechar, e nos apressamos para voltar a caminhar. A trilha ficava mais tranquila, pois agora só teríamos que atravessar um longo vale. Durante esse trecho, voltou a nevar, bem de leve.

Depois de aproximadamente 2 horas de caminhada, avistamos nosso acampamento no final do vale. E precisamente às 14hs, chegamos a Guanacpatay, que ficava a 4300m de altitude. Como chegamos cedo, tivemos toda a tarde para descansar.


A noite, durante o jantar, ficamos sabendo através do Diogenes que no povoado de Huayllapa havia um telefone rural. Ficamos animados com a possibilidade de falar com nossos familiares, ainda mais porque no dia seguinte seria o Dia do Pais.

O Diogenes aproveitou para sugerir uma alteração no nosso roteiro. De acordo com a programação original, deveríamos pernoitar em Huayllapa. Mas Diogenes diz não gostar do local e prefere andar um pouco mais, subindo até o acampamento seguinte. Teríamos a grande vantagem de caminhar bem menos no dia que antecederia à subida ao Diablo Mudo. Diante de tão forte argumento, todos concordaram com a sugestão do nosso guia.

Assim que terminou o jantar, ainda fiquei um bom tempo apreciando a noite estrelada de Huayhuash. E fui descansar com uma confusão de sentimentos: dúvidas sobre minhas condições físicas para subir o Diablo Mudo, saudade dos familiares e amigos, mas acima de tudo, uma grande felicidade por estar em um lugar tão fascinante!

Um comentário:

Daniele disse...

Tanta suavidade em palavras descrevem sonhos e desejos de muitos. Um dia também estarei lá, sentindo outras sensações. Adorei!