sábado, 3 de outubro de 2009

Huayhuash - Dia 1, por Fábio Fliess

Visual das montanhas no caminho para Huayhuash

Dia 4 de agosto!! Finalmente havia chegado o dia!
Acordamos cedo, tomamos um café reforçado, terminamos de arrumar os equipamentos e na hora marcada estávamos todos “listos” para começar a tão sonhada aventura.
Para nossa sorte, praticamente em cima da hora, mais 2 casais foram agrupados em nossa expedição. Isso fez com que nós ganhássemos um “upgrade” no pacote acordado com a agência de trekking. Nós iríamos usar o transporte público, e por conta disso teríamos que madrugar para pegar o ônibus. Como o grupo aumentou, nosso transporte passou a ser privado, e teríamos também um guia auxiliar e um cavalo de emergência durante todo o trajeto. Outra grande vantagem que ganhamos foi evitar um longo trecho de caminhada pela estrada, bastante cansativo. A van nos deixaria no primeiro acampamento de Huayhuash.
Assim, não nos importamos muito quando o Scheler – o dono da agência – nos ligou dizendo que iria atrasar um pouco.
As 9hs, a van veio nos buscar no hotel. Em seguida, fomos apresentados aos casais Luis e Cristina, escritores de BH e Alberto e Maria, espanhóis de Madrid. Também conhecemos o nosso guia Diogenes, que iria nos acompanhar nos próximos 10 dias. Com todos embarcados, pegamos a estrada em direção a Huayhuash.
Após uma rápida pausa na estrada para esticar as pernas, chegamos na cidade de Chiquian em tempo para almoçar. Chiquian é uma cidade pequena, de ruas estreitas, e conhecida pelos locais como “espejito del cielo” (espelho do céu).
Depois do almoço, seguimos por uma estrada de terra bastante estreita, em direção ao povoado do Llamac. A partir dessa localidade, as comunidades campesinas cobram pequenos valores dos trekkers. São valores que oscilam entre 15 e 30 soles (algo em torno de 10 a 20 reais) por pessoa. Eles alegam que esse pagamento é usado para garantir a segurança dos caminhantes. Reza a lenda que Huayhuash foi, num passado não muito distante, um refúgio dos guerrilheiros do Sendero Luminoso.
Depois de um bom tempo sacolejando dentro da van, finalmente chegamos ao acampamento de Cuartelhuain. Lá já estavam outras expedições, devidamente acomodadas. Estávamos radiantes com a visão dos primeiros picos nevados, o Rondoy e o Ninashanca. Fizemos um reconhecimento das cercanias do acampamento e tivemos inúmeras fotos.


Antes de se despedir, o Scheler nos apresentou toda a equipe, que consistia do cozinheiro Cirilo, dos arrieiros Willy, Severo e Isaak, do guia auxiliar Michel, além do Diogenes. Também ficamos sabendo que a nossa expedição teria um total de 14 burros para carregar todos os equipamentos, provisões, etc. Depois de feitas todas as apresentações, o Scheler se despediu, deixando seus votos de boa sorte e bom proveito.
Tivemos bastante tempo para começar a acostumar com o clima do acampamento e entender seu funcionamento. Antes que começasse a escurecer, Diogenes nos chamou para um rápido lanche. Nos chamou a atenção a qualidade da comida, e o cuidado com que tudo era feito.
Esses momentos na barraca refeitório eram especiais porque serviam para integrar todos os participantes do trekking, e também propiciavam momentos de muito riso com a sessão de piadas. O Alberto já brincava com o Rafael dizendo que estava fazendo um curso “fast-food” de português.
Logo depois de escurecer, o frio chegou com muita força. Por volta das 19hs, fomos convidados para o jantar. O difícil era sair da barraca com o tanto de frio que fazia do lado de fora. Mas o jantar compensava o sacrifício. Além disso, aproveitamos para conversar com o Diogenes e, ávidos por saber mais da trilha, procuramos absorver o maior número de detalhes. Estávamos todos muito ansiosos para começar a caminhar de verdade! O Diogenes nos chamou a atenção para o primeiro dia, que seria uma grande pedreira.
Como é praxe nesse tipo de expedição, logo nos retiramos para as barracas, para descansar e preparar tudo para o dia seguinte. Diogenes passou as instruções, informando que as 6:30hs seríamos chamados para o chá “madrugador” e que até as 7hs já deveríamos estar prontos, com todo o equipamento fora da barraca.
Em pouco tempo, a ansiedade que todos compartilhavam cedeu espaço para o cansaço e o acampamento se cobriu de silêncio.
Finalmente estávamos em Huayhuash, o destino tão sonhado!!! Agora nos restava percorrer seus caminhos e desvendar seus segredos.

Um comentário:

Daniele disse...

E o entusiasmo contamina... Sensação boa.

Beijos