sexta-feira, 15 de maio de 2009

Vulcão Licancabur – Bolívia, dez/2007 – por Gilmar de Oliveira

Vulcão Licancabur visto da Laguna Blanca

A ascensão ao vulcão Licancabur foi uma das etapas da expedição ao deserto do Atacama realizada em dezembro de 2007 e planejada por nossa equipe um ano antes. Não se tem registro da última atividade deste vulcão, mas, é fato que o Licancabur se destaca nas belas paisagens da região como um dos cartões postais e um dos pontos culminantes da região, muito procurado por montanhistas do mundo todo.

O Licancabur possui 5.916 m de altitude e se destaca ainda por abrigar em sua cratera um dos mais altos lagos de todo o planeta. A montanha também pode ser escalada pelo lado chileno, contudo, em sua base existem minas não desativadas, herança do período da ditadura Pinochet.
A equipe foi formada por cinco integrantes: eu, Alessandra, Fábio, Marcelo e Bruna, mas, somente os três primeiros participaram da ascensão ao Licancabur. O acesso à montanha é feito através do território Boliviano e por isso partimos de São Pedro do Atacama um dia antes para iniciar a subida na madrugada seguinte.

Chegamos pouco depois do meio dia do dia 19 de dezembro ao abrigo que fica situado a 4.500m de altitude, ao lado de uma das mais belas lagunas do altiplano boliviano: a Laguna Blanca.


Fábio ao lado da laguna verde com o Licancabur ao fundo


Eu e Fábio – Trekking entre as lagunas Blanca e Verde

Naquele mesmo dia, a nossa tarde foi ocupada com um trekking de aclimatação ao redor das Lagunas Blanca e Verde, com paisagens belíssimas e a visão do nosso maior objetivo a ser alcançado no dia seguinte.

Abrigo na Bolívia com o Licancabur ao fundo

À noite conhecemos nosso guia, Macário Berna, um dos mais experientes da região e que nos acompanharia durante a jornada de aproximadamente 6 horas de subida do Licancabur. Abrigo na Bolívia com o Licancabur ao fundo. Acordamos à 1h da madrugada e a temperatura estava muito baixa, próxima de zero grau. Fizemos um lanche rápido e partimos numa caminhonete 4 x 4 rumo à base da montanha.

A trilha inicia a 4.900m de altitude, último ponto em que é possível o tráfego de veículos. Daí pra frente, mochila nas costas e muita disposição pra vencer os 1.100m de desnível que nos esperava até o cume do Licancabur. Iniciamos a subida às 3h da madrugada e estava ainda mais frio. A trilha é relativamente curta, mas muito íngreme e acidentada devido às pedras soltas formadas por fragmentos de rochas e material vulcânico expelido durante o período de atividade do vulcão.


Laguna verde vista do Licancabur – aprox. 5.000m de altitude.


Sendero do vulcão Licancabur – 5.200m de altitude

Após duas horas de caminhada a nossa ascensão estava lenta, mas dentro do plano de ataque estabelecido com o guia Macário. O dia estava amanhecendo e já estávamos a aproximadamente 5.200m de altitude quando tivemos um grave problema. Alessandra começou a se sentir muito mal devido ao frio. Verificamos que ela apresentava fortes sinais de hipotermia e que não tinha condições de continuar a subir. Além de perder parcialmente a sensibilidade nas extremidades do corpo ela sentia muito frio, forte sonolência e dificuldade para caminhar sozinha.

Eu e Fábio estávamos em condições normais e a expedição poderia ter continuado, entretanto, diante dessa situação extrema não tivemos dúvidas e imediatamente optamos por retornar à base da montanha o quanto antes. Os trechos iniciais da descida foram feitos com grande dificuldade e foi necessário auxiliar Alessandra que apresentava falta de coordenação motora. Após cerca de 1 hora de descida o sol nasceu e favoreceu sua recuperação com o aumento da temperatura.

Vulcão Licancabur visto da base – trecho final da descida

Macário fez contato com a base ainda na montanha e pediu um veículo com urgência para conduzir a equipe até o alojamento. Apesar disso permanecemos algum tempo aguardando a chegada da caminhonete que nos levaria de volta. Saímos da base da montanha às 9h da manhã e a essa altura Alessandra já estava totalmente recuperada dessa terrível experiência e dos efeitos causados pela hipotermia. De volta à base reunimos nossos equipamentos para retornar imediatamente ao Chile, chegando a São Pedro por volta das 16h. Foi uma experiência inesquecível para todos nós apesar de não ter sido possível alcançar o cume do Licancabur.

6 comentários:

Daniele disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Daniele disse...

Oi Gilmar,
Através do Fábio, conheci o blog e agora sou fã incondicional.
Cada história de vcs nos trás a amostra de um mundo cultivado de maneira diferente, desconhecido por muitos. Viagens interessantíssimas, fotos que deslumbram e o melhor, podem ser apreciadas e descobertas pelos leitores a todo instante. Além disso, de alguma forma nos é deixado ensinamentos de valores básicos "ignorados por muitos” que fazem toda a diferença.
O companheirismo e amizade são fatores primordiais e é essencial em qualquer situação.

Parabéns a equipe!

pppppppp disse...

Pessoal! Eu vou subir o licancabur em janeiro 2010 e gostaria de saber algumas dicas. E principalmente qual foi o conjunto de roupas que vcs levaram. yurinando@gmail.com
abraço

Unknown disse...

olá pessoal, estarei no atacama dia 12 d junho, gostaria de algumas dicas:o guia ou agencia p subir o licancabur como foi contratada, refeiçoes no percurso...vestimentas e estadias.
obrigado pela postagem.
shanbsb@gmail.com

Paulo Roberto - Parofes disse...

Uma pena vocês precisarem voltar, a visão da laguna da cratera na chegada ao cume é realmente emocionante, voltem lá e tentem novamente!
Abrazos
Parofes

TRAVESSIA TERE - PETRO disse...

Olá Gilmar,
Adorei o seu relato sobre o Licancabur.
Meu marido e eu iremos para o Chile, Bolivia e Peru no mês que vem (Agosto/2011) e gostariamos de algumas dicas, em especial quanto a essa 'trilha'.
Você poderia passar o contato do guia e dar as dicas que entender importante, por favor?
danielle.christians@gmail.com
Muito obrigada,
Danielle